Histórico
Os Estudos sobre Mulheres, Gênero e Feminismo se constituem em um dos campos que se consolidaram nas últimas três décadas. Seu início remete à retomada do movimento feminista dos anos 1960/70, com a primeira geração de pesquisadoras e acadêmicas feministas voltadas, não apenas para a análise da subordinação da mulher na sociedade, como também para a denúncia do viés androcêntrico nas diferentes disciplinas e a visibilização da produção feita por e sobre as mulheres.
O avanço da produção em torno dos estudos sobre as mulheres conduziu à constatação de que “o problema não estava na mulher”, estabelecendo parâmetros para a percepção da dimensão relacional que produz e reproduz, socialmente, as diferenças e desigualdades entre os sexos, base para a adoção da categoria analítica de gênero.
A constituição do campo dos estudos de gênero traz, desde sua gênese, duas marcas peculiares: a) o compromisso com a produção de um conhecimento que não dissocia o desvelamento da realidade da proposição de estratégias para sua transformação; b) a adoção de uma perspectiva inter e multidisciplinar que agrega diferentes 'olhares' e diversos recortes analíticos, epistemológicos e metodológicos.
Nesse contexto, a criação do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo, em 2006, revela-se como importante iniciativa de consolidação deste campo de estudos no país, contribuindo para a formação de diferentes gerações de pós-graduandas/os oriundos de um largo espectro do campo feminista, acadêmico e de várias instituições públicas e privadas.
Trata-se de uma iniciativa pioneira do NEIM (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher), que desde 1983, congrega pesquisadoras feministas que atuavam em diferentes Departamentos da Universidade Federal da Bahia. O NEIM constituiu-se, desde o início, como grupo interdisciplinar e indissociado da comunidade, participando numa multiplicidade de frentes, nos meios científicos e feministas locais, nacionais e internacionais, materializando o lema que o impulsiona: a articulação entre teoria e práxis feminista.