II ENCONTRO DE MULHERES ESTUDANTES UFBA

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II ENCONTRO DE MULHERES ESTUDANTES UFBA

 

O Encontro de Mulheres Estudantes faz parte do calendário da Universidade Federal da Bahia, realizado pela primeira vez em 2007, tendo como principais temas para o debate a participação das mulheres nos espaços de poder, a assistência estudantil, o tripé ensino, pesquisa e extensão, as mulheres no mundo do trabalho e o combate às opressões. Apesar dos anos, tais questões continuam atuais e merecem a atenção deste espaço formador de pensadoras e pensadores que é a universidade. Assim o Diretório Central dos e das Estudantes da UFBA (DCE)-Gestão VIRAÇÃO junto aos cas, das, e organizações feministas, propõe que, em meio às transformações que a sociedade como um todo e a universidade vem passando nesses últimos anos, a discussão sobre a vida das mulheres tenha centralidade. 

A luta das mulheres por liberdade, autonomia e igualdade norteiam o Diretório Central dos e das Estudantes da UFBA, e com base nesta máxima as suas ações são pensadas, definidas e construídas. Tendo em vista a construção de uma universidade voltada para as transformações das condições de vida da população brasileira, composta majoritariamente por mulheres, faz-se necessário fomentar a discussão dentro da Universidade Federal da Bahia acerca da vida e da realidade enfrentada pelas mulheres no seu cotidiano. Como as mulheres vivenciam o mundo e a universidade? Alcançamos uma universidade onde seus pilares de construção sejam a justiça, igualdade e liberdade, de fato? 

Vivemos em uma sociedade capitalista, sustentada pelas desigualdades de gênero, raça e classe, onde uma minoria concentra a maior parte da renda, do território e dos meios de produção do país, explorando e se apropriando do trabalho da grande maioria da população, a classe trabalhadora. Pensando nesta realidade, as condições são mais acirradas e precarizadas quando analisamos a vida das mulheres, já que é um dado de realidade as péssimas condições de trabalho a que estão submetidas e a violência explicita e cotidiana enfrentada por elas. As relações de poder estruturadas pela sociedade patriarcal e racista são reproduzidas em diversas instâncias da sociedade, principalmente pelo Estado e em todas as instituições que compõem a sociedade brasileira. Neste sentido a universidade não só integra a estrutura social como também reproduz os seus valores, que oprimem diariamente as mulheres. 

Com as políticas de democratização do acesso às universidades, implementadas nos últimos anos, o REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e as Ações Afirmativas, permitiu-se a entrada de mais jovens no ensino superior, negros e negras, indígenas, quilombolas, e as mulheres em sua maioria. Segundo a Pesquisa Nacional por amostra em Domicílio (PNAD/IBGE), as mulheres atualmente representam 56% das matrículas nos cursos de graduação e pós-graduação do país. Para nós, isso é fruto da luta do povo! Porém, são muitos os obstáculos para permanecer na universidade. Não foi pensada uma política de permanência e assistência estudantil que contemple as especificidades das mulheres e garanta o exercício dos seus direitos. A expansão da estrutura física não foi feita com qualidade, são ruins as condições para produzir conhecimento. O quadro docente não foi ampliado, o que implica na efetivação do tripé ensino, pesquisa e extensão. 

Tudo isso se reflete em uma série de contradições que as estudantes têm vivido cotidianamente. Temos somente uma unidade de creche na UFBA com 50 vagas para estudantes. O fornecimento deste serviço público é essencial para que as estudantes que são mães não tenham que trancar seus cursos para cuidar de seus filhos. Já que historicamente a responsabilização do trabalho doméstico e o cuidado com as crianças tem sido imposto a nós, um trabalho que não é socializado com o Estado e nem com os homens, chegando a ponto das mulheres trabalharem 30% de horas a mais que os homens em duplas ou triplas jornadas de trabalho. Outro problema diz respeito à política de moradia, o número de residências é insuficiente para receber as estudantes que vem de outras cidades, da Zona Rural e comunidades indígenas e quilombolas. Além disso, as estudantes que engravidam são expulsas das Residências. Moradia deve ser direito de todas! Os relatos de violência contra as mulheres são recorrentes na UFBA. Casos de violência física, institucional, tentativas de estupro e assédio sexual acontecem cotidianamente, e nada é feito, nenhuma medida é tomada. Todo semestre são realizados trotes que humilham e submetem mulheres a todos os tipos de violência, sustentando uma cultura que coisifica nossos corpos para satisfazer desejos masculinos. Para nós, isso não é brincadeira! São inúmeros os problemas concretos que podemos citar a partir da realidade vivida pelas estudantes. 

Partindo do pressuposto que a universidade é um espaço de formação e construção do conhecimento que deve operar a serviço da transformação social, o objetivo geral do Encontro de Mulheres Estudantes da UFBA é de fomentar a discussão a respeito dos problemas vivenciados pelas mulheres através de mesas, rodas de conversas, mini-cursos, oficinas e culturais. Nosso intuito é também fortalecer a organicidade das estudantes da UFBA para a superação destes problemas e definir a política das mulheres da UFBA.

Saiba como participar http://ufbadce.wordpress.com/2014/09/14/ii-encontro-de-mulheres-estudant...

Rumo ao II Encontro de Mulheres Estudantes da UFBA

Entrar, Permanecer e transformar: quais os nossos desafios?